segunda-feira, 7 de julho de 2014

VEJAM TRECHO DA ENTREVISTA DE LUCIANA GENRO CANDIDATA DO PSOL A PRESIDÊNCIA

por Marcos Russo/ Evilásio Júnior/ Francis Juliano/ Juliana Almirante
 
A entrevistada do Bahia Notícias desta semana é a candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro. Filha do ex-ministro do governo Lula e atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, ela reitera a oposição ao pai, comenta as acusações sobre possível beneficiamento de campanha e garante ser oposição ao PT, PSDB e PSB. Gaúcha, Luciana torce para o Internacional e, em tempos de Copa, critica abertamente os beneficiamentos de empreiteiras que trabalharam em campanhas políticas e nas obras de mobilidade para o Mundial. Um dos motivos apontados pela socialista para saída do Partido dos Trabalhadores é "não querer participar desse toma lá, dá cá".  
 

Fotos: Jamile Amine/ Bahia Notícias 
PERGUNTA- Existem duas formas de fazer política hoje. Uma no campo político, outra no campo midiático. Você tem um exemplo dentro de casa. Eu vou começar pela relação com o seu pai, que é o Tarso Genro, que foi ministro do governo Lula. É do PT, é do governo, e hoje é governador do Rio Grande do Sul. Como é que você vai se defender se fizerem qualquer tipo de ilação – mesmo que você, na época em que foi do PT, tenha trafegado por uma corrente diferente do seu pai. Como você pretende utilizar em forma de discurso qualquer ilação para desconstruir a tese contra o PT?
 
LUCIANA GENRO – Geralmente me perguntam como a gente administra isso na família. Eu sempre respondo que ele me ensinou a pensar com a própria cabeça. Nós não repetimos esse fenômeno do carlismo, que tem pai, filho, neto, seguindo a mesma política de se transformar em uma oligarquia familiar. A gente tem ideias diferentes, em algumas coisas até temos pensamentos parecidos, mas, em essência, divergimos sobre qual é a necessidade para o país nesse momento. É necessário construir uma alternativa de esquerda ao PT, porque o PT sucumbiu a uma lógica política de se acomodar a essas instituições que estão capturadas pelo poder econômico e interesses privados e deixou de representar, de fato, os interesses da população. Lido com muita tranquilidade. Quem me conhece sabe que isso nunca interferiu na minha atuação política. Eu fui expulsa do PT no momento em que ele era ministro. Ministro prestigiado do governo Lula. Ele nem compareceu no evento do PT que votou a minha expulsão. Ele não iria me defender e não queria dar o voto dele para me expulsar. Eu também nunca pedi nenhum tipo de ajuda nesse processo político até porque eu carrego até hoje um orgulho de ter sido expulsa do PT por essas mesmas figuras que depois foram desmascaradas no processo do mensalão. Foi justamente por não querer entrar nesse esquema: de transformar política em um balcão de negócios; de uma relação parlamento-executivo totalmente capturada por essa lógica da negociata, que eles nos expulsaram do PT. A mim, Heloísa Helena, João Fontes, que não aceitamos votar a favor da reforma da Previdência, quando se instituiu a cobrança de contribuição dos aposentados...
 
PERGUNTA – Mantiveram o Fator Previdenciário de Fernando Henrique...
 
LUCIANA GENRO – A desvinculação do reajuste das aposentadorias ao salário mínimo. O cidadão se aposenta ganhando quatro salários e em pouco tempo está ganhando um. Foi o Fernando Henrique quem fez, mas o Lula manteve. Então, a gente não aceitou se render para essa lógica. Seria mais fácil ficar nas asas do poder e do meu pai e em uma legenda mais forte e com mais capacidade para oferecer benesses... Mas a gente preferiu esse caminho mais difícil porque viu que era necessário seguir erguendo essas bandeiras que o PT abandonou.

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