por Marcos Russo/ Evilásio Júnior/ Francis Juliano/ Juliana Almirante
Fotos: Jamile Amine/ Bahia Notícias
A entrevistada do Bahia Notícias desta semana é a candidata do
PSOL à Presidência da República, Luciana Genro. Filha do ex-ministro do
governo Lula e atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, ela
reitera a oposição ao pai, comenta as acusações sobre possível
beneficiamento de campanha e garante ser oposição ao PT, PSDB e PSB.
Gaúcha, Luciana torce para o Internacional e, em tempos de Copa, critica
abertamente os beneficiamentos de empreiteiras que trabalharam em
campanhas políticas e nas obras de mobilidade para o Mundial. Um dos
motivos apontados pela socialista para saída do Partido dos
Trabalhadores é "não querer participar desse toma lá, dá cá".
Fotos: Jamile Amine/ Bahia Notícias
PERGUNTA- Existem duas formas de fazer política hoje. Uma no campo
político, outra no campo midiático. Você tem um exemplo dentro de casa.
Eu vou começar pela relação com o seu pai, que é o Tarso Genro, que foi
ministro do governo Lula. É do PT, é do governo, e hoje é governador do
Rio Grande do Sul. Como é que você vai se defender se fizerem qualquer
tipo de ilação – mesmo que você, na época em que foi do PT, tenha
trafegado por uma corrente diferente do seu pai. Como você pretende
utilizar em forma de discurso qualquer ilação para desconstruir a tese
contra o PT?
LUCIANA GENRO – Geralmente me perguntam como a gente administra
isso na família. Eu sempre respondo que ele me ensinou a pensar com a
própria cabeça. Nós não repetimos esse fenômeno do carlismo, que tem
pai, filho, neto, seguindo a mesma política de se transformar em uma
oligarquia familiar. A gente tem ideias diferentes, em algumas coisas
até temos pensamentos parecidos, mas, em essência, divergimos sobre qual
é a necessidade para o país nesse momento. É necessário construir uma
alternativa de esquerda ao PT, porque o PT sucumbiu a uma lógica
política de se acomodar a essas instituições que estão capturadas pelo
poder econômico e interesses privados e deixou de representar, de fato,
os interesses da população. Lido com muita tranquilidade. Quem me
conhece sabe que isso nunca interferiu na minha atuação política. Eu fui
expulsa do PT no momento em que ele era ministro. Ministro prestigiado
do governo Lula. Ele nem compareceu no evento do PT que votou a minha
expulsão. Ele não iria me defender e não queria dar o voto dele para me
expulsar. Eu também nunca pedi nenhum tipo de ajuda nesse processo
político até porque eu carrego até hoje um orgulho de ter sido expulsa
do PT por essas mesmas figuras que depois foram desmascaradas no
processo do mensalão. Foi justamente por não querer entrar nesse
esquema: de transformar política em um balcão de negócios; de uma
relação parlamento-executivo totalmente capturada por essa lógica da
negociata, que eles nos expulsaram do PT. A mim, Heloísa Helena, João
Fontes, que não aceitamos votar a favor da reforma da Previdência,
quando se instituiu a cobrança de contribuição dos aposentados...
PERGUNTA – Mantiveram o Fator Previdenciário de Fernando Henrique...
LUCIANA GENRO – A desvinculação do reajuste das aposentadorias ao
salário mínimo. O cidadão se aposenta ganhando quatro salários e em
pouco tempo está ganhando um. Foi o Fernando Henrique quem fez, mas o
Lula manteve. Então, a gente não aceitou se render para essa lógica.
Seria mais fácil ficar nas asas do poder e do meu pai e em uma legenda
mais forte e com mais capacidade para oferecer benesses... Mas a gente
preferiu esse caminho mais difícil porque viu que era necessário seguir
erguendo essas bandeiras que o PT abandonou.
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