por Samuel Celestino
Foi
assim. De repente, quando a manhã já avançava em Paris, dois loucos
terroristas invadiram um ícone da imprensa mundial, expressa pela melhor
forma de comunicar a inteligência, através da sátira e do humor.
Cruelmente, assassinaram 12 pessoas. Eles, sem nenhuma proteção, porque
assim é a liberdade, discutiam, em reunião, a pauta do que o Charile
Hebdo apresentaria na sua próxima edição a milhares de leitores
espalhados em todo o mundo. A França inteira ficou abalada, assim como a
democracia expressa na liberdade que o Charlie representava. Quase
imediatamente, o mundo diante do choque impensável, cobriu-se de negro e
sobre a cor do luto surgiram não se sabe de onde ou de quem, três
palavras, apenas três: Je suis Charlie (Eu sou Charlie, em português).
Bastavam. O impacto do terror doeu profundamente em forma de revolta,
não só pelos 12 mortos, mas pela revista marcada pela sua notável
trajetória. Principalmente, porque dentre os mortos, estava um dos
maiores cartunistas do mundo, Georges Wolinski, no qual cartunistas
espalhados em diversos países e de gerações diferentes se inspiravam.
Dentre eles, gerações de sátiros brasileiros que se espelham na cultura
francesa e no que acontece em Paris. Cartunistas que representavam a
mais legítima expressão democrática da liberdade, para os quais o que
importava era o humor satírico no qual revelavam o que acontecia mundo a
fora, não importando religiões, deuses quaisquer que fossem,
presidentes, partidos políticos, enfim, eram críticos adoradores da
democracia na sua expressão maior. O que aconteceu no Charlie repercutiu
no Brasil com intensidade, levando a presidente Dilma emitir uma nota
de pesar, a mais doída e politicamente correta, na qual defende a
liberdade de expressão na sua inteireza, porque está na liberdade da
imprensa o cerne do sistema que permite ser livre. A nota de Dilma não
trata somente do acontecido no interior do Charlie Hebdo, mas, nas suas
entrelinhas, liberta o novo caminho que seu governo provavelmente deverá
seguir, colocando um ponto final, espera-se, na tentativa de enodoar a
liberdade democrática que a imprensa representa a partir da
intransigência do PT que quer manipular a liberdade, com o projeto da
regulação da imprensa. A regulação não passará. Não passará por cima do
Congresso, porque todos os brasileiros que zelam pela liberdade
democrática não têm outro caminho senão repetir o que está na boca do
mundo: Je suis Hebdo, Je suis Charlie.
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