Mesmo enclausurados em celas inferiores a 10 metros quadrados, José
Dirceu e Roberto Jefferson, presos ilustres do mensalão, continuam
influentes nos seus partidos. Nunca deixaram de ter poder no Congresso e
no governo, onde seus aliados atuam em postos-chave. Da prisão, Dirceu e
Jefferson seguem ativos no controle do PT e do PTB. É Dirceu quem age
de forma mais explícita. Embora divida seu tempo com faxinas e
resenhando livros da biblioteca, o ex-ministro vem intensificando
articulações. As visitas de parlamentares se tornaram rotina no Complexo
da Papuda, em Brasília, e até uma sindicância foi aberta para
investigar se o petista teria falado ao celular. Sua intensa
movimentação chamou a atenção do Ministério Público do Distrito Federal,
que pediu rigor à Vara de Execuções Penais na apuração de supostas
“regalias” a presos do mensalão. Dirceu parece não se importar, faz
parte da estratégia de exibição de poder. Do exílio no sítio em Levy
Gasparian (RJ) à prisão em Niterói (RJ), Roberto Jefferson mantém o PTB
nas rédeas graças a um segredo jamais revelado: para quem foram
entregues os R$ 4 milhões recebidos do PT para apoiar o governo Lula
após as eleições de 2002? Jefferson oferece lealdade dos seus pares e
exige reciprocidade. Ele comandou o partido por quase uma década e saiu
de cena em 2013, deixando o vice Benito Gama (BA) no comando para não
atrapalhar os planos do PTB no governo Dilma – ou seja, para não perder
cargos. O primeiro a ser nomeado com a manobra foi o próprio Benito, que
ganhou uma vaga no Banco do Brasil e pode ser nomeado ministro na
reforma que está em curso. De quebra, a legenda fechou apoio à reeleição
de Dilma e ao PT na Bahia.
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